Comportamento

Agressividade Infantil: O que esperar desta fase tão terrível para os pais?

By 5 de abril de 2018 No Comments

Cada vez mais tenho escutado dos pais no consultório: “Doutora, não aguento mais! Por favor, preciso de ajuda. Estou a ponto de explodir! Não sei o que acontece, mas parece que meu filho(a) não escuta. Falo uma, duas, três, quatro vezes, mas é inútil. Será que meu filho(a) tem algum problema?”

A primeira situação que vamos dialogar aqui é: o que se espera desta fase dos 2 aos 5 anos?

A criança pequena não tem competência cognitiva para trabalhar a frustração. Ela agride para se defender do que sente e não entende aquilo como uma agressão. É instintivo. Digamos que ela é nosso espelho e acaba produzindo o que o adulto faz.

Se a criança mora num ambiente em que os pais são agressivos, ela vai aprender que a maneira de resolver qualquer problema é com agressividade, causando assim, futuramente, pensamentos negativos em relação a si própria.

Nessa fase, a criança é uma “tábua rasa”, na qual estamos construindo suas crenças e habilidades.

Quando olhamos as crianças em grupos, sabemos que nem tudo são flores, porém, elas são afetuosas, companheiras, mostram apoio aos demais; mas elas também, por muitas vezes, ao disputar esse ou aquele brinquedo, provocam o outro, brigam, criticam para estabelecer quem manda naquele ambiente.

Todas as crianças, independentemente da idade, mostram sua agressividade em algum momento. Crianças de 2 a 3 anos, quando estão nervosas, aborrecidas, demostram sua frustração com comportamentos de choro, grito e muitas vezes atiram objetos ou batem umas nas outras para conseguirem o que querem. Chamamos esse tipo de comportamento deagressão instrumental, pois quando alcançam o objetivo do querer, a agressividade para.

Na medida em que as crianças vão se desenvolvendo, os estímulos mudam e assim adquirem cada vez mais suas habilidades verbais. Como assim? Elas param de bater nas outras crianças e partem para a agressão verbal, insultando-as com nomes feios.

Nesse período, a agressividade fica mais em evidência no ambiente escolar, pois é lá que as crianças passam a maior parte de seu tempo. Portanto, muitas vezes, ouvimos dos professores ou cuidadores que as crianças não obedecem, que parecem uns “capetinhas”, que não conseguem dar aula porque tem que ficar em cima para não agredirem umas às outras.

Uma criança com comportamento agressivo, que tem dificuldadeem lidar com os colegas e desobedece a professora, pode estar colocando através dessas atitudes a tristeza, o medo, a insatisfação que, pela imaturidade emocional, não consegue extravasar de outra forma. Esse é o primeiro sentimento que conhece dentro de si.

Muitos professores solicitam encaminhamento para psicologia por não saberem lidar com as crianças que possuem energia acumulada.

Infelizmente é uma triste realidade, pois não vejo interação entre a escola, a criança e os pais. A escola, por haver diversos alunos nas salas de aula, não oferece a devida atenção aos alunos e a criança acaba sendo isolada das demais, por não ser compreendida, ficando rotulada de malcriada, devido aos pais não darem educação. A criança em si tem dificuldade de entrar na escola devido a rejeição que sofre, muitas vezes chora e esperneia para não entrar e os pais não sabem lidar com a situação.

A maioria dessas crianças está passando por algum conflito interno: seja em casa, ou na própria escola e acaba sendo rotulada como aquelas que dão trabalho e acabam excluídas pelos demais, causando assim diversos problemas psicológicos.

O que devemos fazer?

A primeira atitude que devemos tomar é não enxerga-la como uma criança maldosa, e exclui-la de tudo que está a sua volta. É preciso entender o que ocorre em todos os campos da vidinha dela.

A segunda, tirar um tempo para a família, dar atenção, pois a criança sente falta de se relacionar com todos os membros da casa.

Nos tempos modernos, a maioria dos pais passa a maior parte do tempo no trabalho e a criança na escola, porém, ao chegar em sua residência, todos tem seus afazeres e a criança fica isolada, brincando sozinha ou no tablet/TV/celular, assistindo algum desenho animado. Nesse momento, a criança, de um modo geral, solicita atenção dos pais através do colo, choro, para dar-lhe atenção. O que é negado ou, na maioria das vezes, não dão a devida atenção, alegando o cansaço físico devido ao tempo que passam trabalhando.

Cuidado!

Deem o máximo de atenção, brinquem por mais que o cansaço esteja em evidência; é muito importante esse tempo com a criança.

Conversem para que ela relate seus anseios, mostre para ela seus pontos positivos, elogiem sempre que fizer algo bacana. Reforço é sempre positivo, até porque no dia a dia ela escuta 100 vezes NÃO.

 

Itamara Martins Rzezak – CRP: 06/86103
Psicologa Cognitiva Comportamental

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